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Toda canção de liberdade vem do cárcere: homofobia, misoginia e racismo na recepção da obra de Mário de Andrade
Vergara, Jorge.
Tesis de Doctorado. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
  ARK: https://n2t.net/ark:/13683/pPOY/vsu
Resumen
Toda canção de liberdade vem do cárcere: homofobia, misoginia e racismo na recepção da obra de Mário de Andrade recorre à teoria queer, ao feminismo, à musicologia, à história da medicina, à história do Brasil e à crítica literária para confrontar textos provenientes de revistas, jornais, literatura médica, livros, músicas e correspondência assinados por Mário de Andrade com os de seus contemporâneos. O primeiro capítulo explica como o jornal Folha da Noite (1923), a Revista de antropofagia (1929) e o jornal Dom Casmurro (1939) moveram campanhas racistas, misóginas e homofóbicas para reprochar Mário de Andrade – a primeira delas até aqui desconhecida da literatura. O segundo capítulo ressalta traços da empatia de Mário de Andrade com figuras de homoerotismo e subalternidade em Paulicea desvairada (1922) para argumentar que a estilização é testemunho de como a sociedade condenou pessoas e suas práticas à ignomínia e ao silêncio O terceiro capítulo interpreta discursos de Mário de Andrade sobre música no que contestam autoritarismos e preconceitos disseminados no imaginário da época. Se a figura contemporânea dos “moços bonitos” implica homossexualidade, efeminação, travestismo e prostituição masculina, os poemas “A caçada” e “Nocturno” de Paulicea desvairada e “Cabo Machado” de Losango cáqui (1926) confrontam o leitor com o mulato em composições que fundem subalternidade, música e nacionalidade, nas quais as ideias de raça, modernização, masculinidade e nacionalismo apresentam caráter anti-autoritário. O “mundo da arte” (Becker, 1982) de Mário de Andrade depende da interação com o universo mental e social da época. Essa produção e interação não acontecem sem discurso, e esses discursos nem sempre abordam música, misoginia, antissemitismo, homofobia e branqueamento de forma direta. O valor das obras de arte diminui quando as analisamos em função da competência e elaboração técnica apenas.
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