Este trabalho discorre sobre a prática da prostituição infanto-juvenil no Brasil que, ao longo do século XX, foi paulatinamente considerada uma atividade ilegal para esse segmento, enquanto outras atividades, por meio das legislações menoristas e trabalhistas, foram regulamentadas. A assistência social, fundada em 1988 com a Constituição Federal e assentada pela Lei Orgânica da Assistência Social, de 1993, assume o combate à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes através do Programa Social Sentinela. A presente pesquisa foi realizada junto a esse programa, tendo-se estudado prontuários de atendimento de meninas em situação de exploração sexual comercial, visando, através de estudos de caso, compreender esse ramo de atividade em Florianópolis, entre 1990 e 2008, bem como inferir sobre o modelo de intervenção realizado pelos profissionais da rede protetiva na cidade. Foram analisadas também as políticas sociais, que, neste contexto, colocam em cena a necessidade do embricamento das relações sócio-econômicas no entendimento do comércio sexual infanto-juvenil, em que a falta de provedores na família, o desejo de consumo de bens duráveis, a denominada "situação de rua" e a utilização de drogas apresentaram-se como fatores relevantes.