O objetivo do presente texto é analisar como as mudanças ocorridas na Bolívia durante os primeiros anos da década de 1950 foram noticiadas em jornais brasileiros. As turbulências do período denotam uma sociedade em transformação, buscando participação política nos rumos do país a partir da emergência de movimentos sociais e políticos que almejavam protagonismo. Nesse sentido, examinamos os acervos on-line dos periódicos O Globo (RJ), Correio da Manhã (RJ), Folha da Manhã (SP) e O Estado de São Paulo (SP). A escolha dos periódicos se deveu à influência e abrangência dos mesmos, uma vez que eram diários com grande circulação nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, duas das principais cidades brasileiras da época consideradas centro do poder e economia no país. Outra preocupação do texto é analisar o discurso da mídia, especificamente os jornais diários citados, acerca das transformações levadas a cabo por distintos governos bolivianos que continham medidas de cunho nacionalista, refletindo nos interesses dos EUA naquele país. Em um clima ideológico de embate entre países influentes nessa quadra histórica como os EUA e a URSS, selecionamos episódios que denotam mudanças no tradicional arranjo político e econômico boliviano. Selecionamos para análise três momentos que julgamos representar os conflitos pelos quais se debatiam setores importantes da sociedade boliviana: as disputas em torno dos preços internacionais do estanho, principal riqueza mineral do país à época e principal fornecedor dos EUA; as eleições de 1951, com a vitória do candidato Victor Paz Estenssoro, imediatamente contestada e que deu margem para um golpe militar; a nacionalização do setor minerador estanífero, ocorrida após a Revolução Nacional de 1952,