Entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, os missionários e educadores norte-americanos, fundadores de igrejas e de escolas metodistas no Brasil, apresentavam como missão a implantação da civilização, dos hábitos e dos costumes protestantes no país escolhido como campo para semeadura da Palavra de Deus. As suas ações religiosas e educacionais tinham por fim a instituição de novos comportamentos e novos hábitos, pautados em princípios condizentes com o seu país de origem, mas, sobretudo, com os desígnios divinos, depurados pela crença protestante, portanto, os alicerces de sustentação de uma sociedade terrena considerada por eles, como moderna e civilizada, além de único caminho possível para a morada eterna. Trabalha-se com a hipótese de que os fazendeiros brasileiros do Oeste Paulista, bem como a elite ilustrada receberam com euforia esses homens vindos dos Estados Unidos, país considerado por eles como civilizado, em que o sistema de produção e a tecnologia estavam mais adiantados, o regime político era republicano e a educação exercia um importante papel na manutenção da estrutura econômica e na formação das novas gerações republicanas. Além da fundação dos colégios, o projeto civilizatório metodista previa alcançar a alma das crianças, por meio da criação de uma revista voltada a elas, a Revista Bem-te-vi. Este trabalho toma como fonte e objeto de investigação as publicações da década de 1930e tem por objetivo compreender a construção e a difusão da imagem de criança impressa nas páginas da Revista. Os resultados alcançados evidenciam os planos metodistas para estabelecer uma infância civilizada e as práticas empreendidas nessa direção.