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Os saberes tradicionais e a academia
Nunes, Analice A de Souza - Unicamp.
Nunes, Analice A de Souza - Unicamp.
Nunes, Analice A de Souza - Unicamp.
1º Congreso Internacional de Ciencias Humanas - Humanidades entre pasado y futuro. Escuela de Humanidades, Universidad Nacional de San Martín, Gral. San Martín, 2019.
Dirección estable:
https://www.aacademica.org/1.congreso.internacional.de.ciencias.humanas/1643
Resumen
Os saberes tradicionais e a academia
O presente estudo apresenta pesquisa sobre mulheres que trabalham com ervas curativas em Nazaré Paulista – SP/Brasil. Considera os saberes tradicionais como relevantes para o reconhecimento do vasto acervo sobre a flora nativa e os princípios ativos que tais plantas são portadoras, como elementos fundamentais para estudo na academia; além da perspectiva do reconhecimento e valorização das tradições populares, como produtoras de identidade e significação social. É resultado de pesquisa realizada para trabalho de conclusão de curso de graduação na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.
A pesquisa foi realizada com metodologia qualitativa, com entrevistas semiestruturadas, gravações de áudio e diário de campo, junto a mulheres que atuam no atendimento à população, para orientação no alívio de males físicos (e espirituais),aprovada pelo Comitê de Ética da Unicamp.
A questão que instigou a pesquisa foi: como acontece o processo de ensino e aprendizagem desta atividade? como foi e é socializada a transmissão de conhecimentos destes procedimentos? Interessa saber se a atividade é mantida, numa sociedade neoliberal, urbana e acentuadamente tecnológica.
A pesquisa apurou que o processo de ensino e aprendizagem acontecia informalmente, dentro de um ambiente familiar e comunitário e que atualmente este conhecimento já não é socializado, correndo o risco de extinguir-se.
Constatou-se que tais mulheres detêm um vasto acervo de conhecimentos acerca da manipulação de ervas nativas, com finalidade curativas, originadas da tradição local e resultantes das práticas diárias no atendimento à população.
Ainda se realizam atividades comunitárias, como os mutirões (ajuda de vizinhos para realizações de tarefas) e encontros de violeiros, danças e rezas, sempre em locais rurais, com a presença da comunidade e organização coletiva e voluntária. Neste ambiente a vida comunitária ainda é regra, havendo um sentido de pertencimento e identidade que enlaça as relações de amizade e trabalho. O próprio trabalho, em atividades rurais, pressupõe um tempo próprio, marcado pela natureza, estações do ano e respeito à flora e fauna.
Considerou-se a relevância deste repositório de conhecimentos e saberes como uma das fontes para ser trabalhada pela universidade: Santos (1999) defende que tem a universidade o dever de possibilitar um desvelamento de outras perspectivas de conhecimento e reconhecer os saberes de classes subordinadas ou discriminadas, para democratizar a universidade.
Este entendimento também perpassa na obra de Deleuze e Guatarri, que reconhecem diferentes perspectivas de conhecimento, em oposição à forma segmentada de tratar a realizada, como é assumida pelo pensamento hegemônico; a ideia de que a heterogeneidade deve ser valorizada, com ações de resistência para que seja evidenciada a afirmação da vida. As atividades comunais garantem a identidade local e são formas de denunciar o individualismo, a desumanização e a destruição do sujeito, reafirmando os princípios humanos fundamentais, da dignidade da vida humana.
Referência Bibliográfica:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2006a.
GUATTARI, Felix. As três ecologias. Campinas, Papirus, 1ª Edição Eletrônica, 2001.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice. O social e o político na pós modernidade. Porto, Edições Afrontamento, 1999.
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