Pretendemos analisar o discurso autobiográfico de três editoras de livros independentes, mulheres, em uma posição de proprietárias de suas casas editorias, mentoras de seus catálogos, e estabelecer um paralelo entre os aspectos discursivos e editoriais a partir das narrativas de si. Por meio do discurso autobiográfico de Constanza Brunet (Marea Editorial - Argentina), Maria Mazarello (Mazza Edições - Brasil) e Paula Anacaona (Anacaona Edições - França), pretendemos encontrar as projeções de si e a ideia do trabalho como algo íntimo e indissociável do ser humano. Para isso, utilizaremos como arcabouço teórico o conceito de ethos discursivo (AMOSSY; MAINGUENEAU, 2008) e algumas postulações de Bourdieu (1999) sobre os editores heroicos, além das discussões sobre o termo independente (BOTTO; DE DIEGO, 2014; COLLEU, 2007; MUNIZ JR. 2016). Certamente, essas editoras buscam que as publicações de suas editoras possam chegar em outros territórios, não apenas para os lugares de origem. Propomos uma discussão teórica que seguirá, em um primeiro momento, à justificativa geográfica e linguística e os motivos pelos quais o corpus foi escolhido. O lugar de fala dessas editoras independentes e o que representa a escolha destes países: a França, já que Paris se tornou o ponto de referência cultural desde o século XVII; a Argentina como centro irradiador do livro na América Latina; e Brasil: de onde falamos e a identidade linguística de pertencimento. Partiremos também para as reflexões do emblemático signo editora. Em seguida, destacaremos a representatividade feminina no mercado editorial de livros independentes: Brasil, Argentina e França. Depois, apresentaremos trechos das narrativas de vida dessas editoras e destacaremos as possíveis projeções de si abordadas em suas entrevistas.